domingo, 9 de setembro de 2007

O Retiro da Alma

Há quem procure lugares de retiro no campo, na praia, na montanha; e acontece-te também desejar estas coisas em grau subido. Mas tudo isto revela uma grande simplicidade de espírito, porque podemos, sempre que assim o quisermos, encontrar retiro em nós mesmos. Em parte alguma se encontra lugar mais tranquilo, mais isento de arruídos, que na alma, sobretudo quando se tem dentro dela aqueles bens sobre que basta inclinar-se para que logo se recobre toda a liberdade de espírito, e por liberdade de espírito, outra coisa não quero dizer que o estado de uma alma bem ordenada. Assegura-te constantemente um tal retiro e renova-te nele. Nele encontrarás essas máximas concisas e essenciais; uma vez encontradas dissolverão o tédio e logo te hão-de restituir curado de irritações ao ambiente a que regressas.

Fonte: Pensamentos, por Marco Aurélio (Citador)

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Materialismo e Espiritismo

Trecho de entrevista com a pedagoga e espírita Dora Incontri:

Como você situa o espiritismo em relação ao materialismo de hoje?


O materialismo é algo do século 19. No final do século 20 e começo do século 21 te­mos algo pior do que ele, o Niilismo. O mate­rialismo ao menos acredita na matéria. Na verdade, o materialismo foi a proposta dos marxistas e positivistas, no século 19. Ex­clui a alma, o espírito e Deus, mas acredita que existam fenômenos materiais. O que te­mos hoje é o niilismo. Os pós-modernos desconstruíram todas as idéias, inclusive o ma­terialismo. Eles acham que o Ser não é nada. Hoje se fala da morte da história, do ho­mem, de Deus, da filosofia. Existe, inclusi­ve, um esvaziamento de ideais e utopias. Os materialistas ainda tinham o ideal de transformar o mundo. Os niilistas não têm. Se acham impoten­tes. Por isso, a sen­sação de angústia generalizada. Jo­vens apáticos. Sem rumo, sem ideais. O espiritismo mata o materialismo e o niilismo com uma sim­ples evidência: a exis­tência do espírito. Não tem sentido você dizer que o Ser é nada se ele continua após a morte. O niilismo vira uma coi­sa sem sentido, um discurso vazio. O nada não é uma categoria aceitável. O nada é uma metafísica. Os niilistas pretendem aca­bar com toda metafísica, mas o nada é um pressuposto metafísico tanto quanto o espí­rito o é nas religiões tradicionais. Partir do nada é partir de um pressuposto. O espiritis­mo demonstra essa evidência ao fazer pes­quisas até por meio não espíritas. O espírito se torna uma evidência científica amarrada à filosofia e não só uma observação empírica.

Quais as conseqüências pedagógi­cas do materialismo e niilismo?


Primeiro que o niilismo esvazia o ser huma­no de ideais e de possibilidade de ação no mundo. Se nós dizemos que não somos nada, então qual a nossa capacidade de mudar a his­tória? De construir um novo mundo? Isso ser­ve perfeitamente ao capitalismo selvagem no qual estamos inseridos. O homem não é capaz de mudar nada, de fazer nada. A única coisa é consumir e ser consumido. Só pode se tornar uma peça descartável do mercado de traba­lho ou ser consumidor desse mercado. Sobra apenas essa liberdade e ação para ele. E é essa a educação geralmente empregada. A de se inserir no mercado de trabalho, fazer vestibular, faculdade etc. Não de se realizar como ser humano. Alcançar a felicidade, transformar a sociedade e dar vazão aos seus talentos.

(A Educação que pode Mudar o Mundo, Universo Espírita nº 04)

Baixe a reportagem completa.