Trecho de entrevista com a pedagoga e espírita Dora Incontri:Como você situa o espiritismo em relação ao materialismo de hoje?
O materialismo é algo do século 19. No final do século 20 e começo do século 21 temos algo pior do que ele, o Niilismo. O materialismo ao menos acredita na matéria. Na verdade, o materialismo foi a proposta dos marxistas e positivistas, no século 19. Exclui a alma, o espírito e Deus, mas acredita que existam fenômenos materiais. O que temos hoje é o niilismo. Os pós-modernos desconstruíram todas as idéias, inclusive o materialismo. Eles acham que o Ser não é nada. Hoje se fala da morte da história, do homem, de Deus, da filosofia. Existe, inclusive, um esvaziamento de ideais e utopias. Os materialistas ainda tinham o ideal de transformar o mundo. Os niilistas não têm. Se acham impotentes. Por isso, a sensação de angústia generalizada. Jovens apáticos. Sem rumo, sem ideais. O espiritismo mata o materialismo e o niilismo com uma simples evidência: a existência do espírito. Não tem sentido você dizer que o Ser é nada se ele continua após a morte. O niilismo vira uma coisa sem sentido, um discurso vazio. O nada não é uma categoria aceitável. O nada é uma metafísica. Os niilistas pretendem acabar com toda metafísica, mas o nada é um pressuposto metafísico tanto quanto o espírito o é nas religiões tradicionais. Partir do nada é partir de um pressuposto. O espiritismo demonstra essa evidência ao fazer pesquisas até por meio não espíritas. O espírito se torna uma evidência científica amarrada à filosofia e não só uma observação empírica.
Quais as conseqüências pedagógicas do materialismo e niilismo?
Primeiro que o niilismo esvazia o ser humano de ideais e de possibilidade de ação no mundo. Se nós dizemos que não somos nada, então qual a nossa capacidade de mudar a história? De construir um novo mundo? Isso serve perfeitamente ao capitalismo selvagem no qual estamos inseridos. O homem não é capaz de mudar nada, de fazer nada. A única coisa é consumir e ser consumido. Só pode se tornar uma peça descartável do mercado de trabalho ou ser consumidor desse mercado. Sobra apenas essa liberdade e ação para ele. E é essa a educação geralmente empregada. A de se inserir no mercado de trabalho, fazer vestibular, faculdade etc. Não de se realizar como ser humano. Alcançar a felicidade, transformar a sociedade e dar vazão aos seus talentos.
(A Educação que pode Mudar o Mundo, Universo Espírita nº 04)
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