Meu fenômeno não pode ser apenas objeto de observação, mas é um método científico “para a observação”, em que não se procede por verificações exteriores e superficiais com meios sensórios e instrumentos apenas, mas se usa a consciência do observador, que é elevada a instrumento de pesquisa. Procede-se, aqui, por sintonização entre o psiquismo do observador e o psiquismo diretivo do fenômeno; é necessário, em outros termos, que a alma do observador se dilate e expanda do “exterior” para o “interior” e entre em contato com a substância, o princípio animador do fenômeno e não somente com sua forma externa e com o aspecto exterior de seu desenvolvimento. É o estado de espírito do poeta e do místico, de simpatia por todas as criaturas, de paixão de conhecimento para o bem, de visão estética do artista, não mais vagas, mas dirigidas com exatidão científica no campo das concepções abstratas.Nestas formas de pensamento, sinto que se dilatam os horizontes novíssimos da ciência do futuro, sinto que nestes conceitos que aqui estou expondo está a semente de uma profunda revolução na orientação do pensamento humano, sinto que este assunto é o problema fundamental, o mais importante a que possa dirigir-se hoje a mente humana. Aquém deste estudo, que parece apenas de um caso pessoal, se agita o grave problema do conhecimento humano e dos novos métodos para atingi-lo. Tudo isso demonstra que a verdadeira ciência, a profunda ciência que toca a verdade, só é atingida pelas vias interiores, através de um processo de harmonização da consciência com as leis da vida e com o divino princípio que tudo rege; demonstra que os caminhos do conhecimento não podem ser senão os caminhos do bem, que o saber é um equilíbrio de espírito, que a revelação do mistério não se verifica senão quando se alcança a fase de perfeição moral; demonstra que a ciência agnóstica, amoral, é a ciência do mal, que se destrói a si mesma, e que é absurdo, portanto, ignorar certos imponderáveis substanciais e prescindir do fator ético na pesquisa; demonstra, finalmente, que a ciência não deve ser senão uma ascensão cultural e espiritual tendente à unificação de tudo — arte, filosofia, religião, saber — em Deus. Porque a lei de evolução é também lei de unificação.






